Não foi à muito que te vi partir, sem... Catarina Portela
Não foi à muito que te vi partir, sem te dizer Adeus como merecias.
Sem te dizer todas as vezes que falhas-te, que faltas-te, que sumis-te quando devias ficar.
Não me deste tempo para falar sobre mim.
Não me deste tempo para sorrir contigo, para recuperar horas de vazio.
Não me deste tempo para justificar o quanto eu vivia magoada, por tua culpa.
Não me deste tempo para ouvir da tua boca, o quanto gostavas de mim.
As poucas vezes que disseste ficaram tão claras, tão puras, e eram tão necessárias ao meu coração, que ainda hoje as posso ouvir.
E o abraço. Aquele abraço que recordo vezes sem conta, sinto-o como se fosse ontem.
Não tive tempo de te conhecer, de me orgulhar, só tive tempo para te amar, e sofrer com a falta desse amor.
Não tive tempo de te agradecer a pequena parte da tua vida que passas-te comigo.
Não tive oportunidade de te fazer ver que terias motivos para te orgulhares de mim.
Continuas a magoar-me por não estares, por não falares, por não te sentir.
Continuo à procura de algo que preencha o espaço que sempre deixas-te.
E como é difícil, e como será difícil viver sem ti.
Como posso substituir as palavras e a compreensão?
Como posso encontrar a empatia, a atenção?
Como posso crescer eu sem Pai…
Serei eu uma eterna criança?
Ou será que não tive oportunidade de viver como criança?
Volta, para que tudo possa ser diferente…
Como gostava que voltasses.