"As horas frias congelam a... Diego Santana
"As horas frias congelam a insistência das dores cálidas
Que não tem mais razão
Se é que tiveram algum dia
Os amores acabados juntam-se a papeis sem cronologia
Em gavetas que nunca abro
Papeis esses que não releio
Sonhando com a vela acesa para qualquer santo falsário
Que os queimará
Extinqüindo minhas memórias
Outros serão poupados de suas críticas hipócritas
Enfevercidas pela vontade abafada
Nunca saberão quantas bocas beijei
Nem as que desejei
Jamais suspeitarão do "primo Basílio"
Nos primeiros dos "cem anos de solidão"
Que degustei faminto
Hoje tudo é tão mórbido
As paredes brancas
A voz que canta um blues
Sem piedade
Esse estado de dormência
Serve como paleativo
Para que a dor não se faça mais presente
Vou pôr as cinzas no congelador"