Andei por aí, sempre que possível te... Deborah Strougo
Andei por aí, sempre que possível te observando. Detalhei cada passo, cada fracasso teu. Memorizei teus gostos, teu jeito - tão somente teu - tuas manias loucas, idéias malucas, teus planos mirabolantes e sonhos de vida. Já não há nada que eu não saiba - a não ser seus sentimentos, que por inconstância mudam repentinamente. Insiste em me confundir a cada palavra dita. Faz-se de ti um mistério ambulante, talvez com o propósito de fazer com que minha curiosidade deixe-me guiar por trás de tuas migalhas. Sinto-me presa num feitiço, onde teus olhos - fundos, profundos, intensos - me guardaram. Não há saída, e... que bom! Não quero livrar-me dessa intensidade tão cedo, mesmo.