SEM MEIO TERMO. Não se vive aos... Patricia Antoniete
SEM MEIO TERMO.
Não se vive aos cadinhos. Não se esmola vida. Não se pede licença para existir. Não se existe de favor. Viver é apoderar-se dos instantes, copular com os dias, apossar-se do estar sendo, emprenhar-se do mundo, dos sentidos, do agora. Viver é rasgar-se por dentro, deixar-se arranhar pelos cílios do medo, vibrar na alta freqüência do desmedido, enfiar a língua entre os dentes da insanidade, parir-se ao contrário todas as manhãs. Viver não é um exercício de preservação, mas de flagelo. Não há resguardo possível àqueles que estão vivos, nem prudência, nem moderação. Vida é o caminho que se faz todos os dias entre a loucura e a sanidade. Estar vivo é não ter medo de se perder nesse percurso.