Quanto você vale? Faço-me essa pergunta e busco parâmetros...

Quanto você vale?
Faço-me essa pergunta e busco parâmetros para medir.
Minha mente pulula feito doida entre uma idéia e outra buscando alguma imagem ou valor que não se assemelhe ao que vemos por ai Bundas durinhas que convidam ao prazer, gente vazia, corpos esculpidos, silicone, inversão de valores, ou até ausência deles, carros importados, poder, fuga da realidade a qualquer preço.
Onde é que você se encaixa?
Porque o seu convite visual é tão menosprezado?
Você guarda um mundo inteiro de mágoas e experimentos de como agradar o outro Experiências que não têm preço.
Experiências de mestre das artes cênicas, um lobo trocando a pele à olhos vistos Trocamos a pele para que não vejam a nossa, enquanto os outros, despudoradamente mostram a sua como razão da sua existência, único valor.
Como poder ser totalmente aceito sem abrir mão de si mesmo?
Como escapar do redemoinho de informações, que fazem do ser- humano única e exclusivamente um objeto de prazer? O ser perfeito, feito sob medida para a total imperfeição das almas. Essa é a idéia que te vendem. Isso é o que querem.
Celulite, estrias, flacidez, rugas, o corpo fora de padrão de acordo com as regras do jogo, o espelho, as dietas, a idade avançada, o desrespeito, a discriminação, as desilusões, o efeito sanfona, a artrite, as ofensas, a fome que não passa...
Fome de gente de verdade que já aprendeu muito trocando a pele, tirando e pondo a máscara, camaleões, ilusionistas que tentam esconder o de fora para que enxerguem o de dentro.
Muitas vezes sonhei com esses espelhos de circo onde me via de várias formas, imagens iam e vinham e tinha sempre o mesmo observador, eu.
Me dei conta de um sentimento abstrato de ausência de mim e pude perceber que os olhos janela das almas, são personagens sem dor, sem forma, sem corpo. Aqueles mesmos olhos que nos observa na frente do espelho e comparam , são também nossos espectadores.
Nos olhamos com os mesmos olhos de quem nos fita e aponta.
Os mesmos de quem nos fere, de quem nos discrimina.
Agora me perguntam novamente, o quanto vales?
E não tenho resposta agora.
Primeiro deixe-me olhar com os meus
próprios olhos, depois respondo.
Femina