Carrego no peito um deserto, onde só... Igor D Sotolani

Carrego no peito um deserto,
onde só chove quando ninguém vê.
Amei como quem abre as janelas no inverno,
esperando que o vento entrasse
sem destruir os quadros.
Mas o tempo não se mede em relógios,
se mede em noites mal dormidas,
em silêncios que falam mais
do que cartas de amor
amassadas no fundo da gaveta.
Passei a vida tropeçando
em promessas que nunca voltaram,
e agora nos encontramos
nesse corredor de incertezas,
onde o chão range como se soubesse
que qualquer passo pode ser um precipício.
Eu não sei se sou cura ou veneno,
se minhas mãos vão tocar onde ainda dói,
se meu beijo vai encontrar pedaços de outra boca,
se minha voz será só um eco do passado.
Mas sei que tudo pode acontecer,
como uma moeda lançada ao vento
pode cair em qualquer lado,
ou simplesmente permanecer suspensa no ar.
amar é sempre um risco,
mas são nos riscos que eu descobri a diferença de
preçoevalor.