Havia a esperançosa ameaça do pecado,... Clarice Lispector

Havia a esperançosa ameaça do pecado, eu me ocupava com medo em esperar; sem falar que estava permanentemente ocupada em querer e não querer ser o que eu era, não me decidia por qual de mim, toda eu é que não podia; ter nascido era cheio de erros a corrigir. (...) Tomava intuitivo cuidado com o que eu era, já que eu não sabia o que era, e com vaidade cultivava a integridade da ignorância.

Clarice Lispector Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Nota: Trechos do conto Os desastres de Sofia.