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Tempo ao tempo…
Viver um dia de cada vez. Essa frase realmente mudou a minha vida, sobretudo nos últimos dias. Para quem tem ansiedade, lidar com o tempo é algo desafiador. Se nos pedem calma, então, aí é que as coisas ficam ainda mais complexas. E tudo o que não preciso é de mais curvas sinuosas neste momento.
Viver um dia de cada vez é saber que o passado (infelizmente) não se muda, pois ele te molda. É entender que as coisas aconteceram da forma que deveriam, queira você ou não. Por mais que doa, ele é o seu próprio museu de escolhas. Contemple ou não, o que foi já foi.
Viver um dia de cada vez é saber que você tem que estar no presente. O que é real é o que está acontecendo agora, nada mais que isso. É compreender que o cheiro, o gosto, a sensação, o toque, a vista, o entorno, tudo é o que é, e o que você precisa fazer é vivê-lo. Não há escapatória; é viver sem pensar no que vem no milésimo seguinte.
Viver um dia de cada vez é saber que o futuro é algo que ninguém sabe e que ninguém controla. Nem você nem eu, nada podemos fazer para evitá-lo. Não há segurança alguma. Qualquer idealização ou expectativa é mera ficção.
Viver um dia de cada vez é saber que a única coisa que você tem é você mesma. O passado não transmuta, o real é o agora e o futuro não te dá garantias.
Viver um dia de cada vez é lutar contra a ansiedade, porque a insegurança e a indecisão só nos torturam. É estar no presente para que a jornada seja mais leve, sabendo que tristeza ou felicidade se tornam passado no respirar seguinte.
Viver um dia de cada vez é, no presente, lutar a batalha que se apresenta. É prezar por vivenciar bons momentos, em boa companhia, porque tudo passa rápido e logo estamos em nosso leito de morte.
Viver um dia de cada vez é não permitir que tirem a sua paz, que minimizem sua singularidade, que questionem onde está ou sua identidade. É, todos os dias, fazer aquilo que aquece a sua alma, que torna cada segundo bom. É saber que para certas respostas e possibilidades há que se dar tempo ao tempo, porque o futuro só a Deus pertence…
É, você…
É inegável o poder que as palavras podem ter, o que podem causar na gente e significar em nossas vidas. Quando ditas na entonação e na circunstância certas, então, são muito mais explícitas que a soma de várias frases conexas ou do que a própria realidade.
Se a afirmativa acima lhe parece pretensiosa, caro leitor, não vou lhe pedir desculpas. Realmente acredito que a combinação de simples letras, numa única significação, podem expressar tantas coisas que dariam inveja em qualquer verso. Nem um poema ou canção - que combinam tantas delas - parecem ter graça alguma diante daquela palavra.
E, pelo menos para mim, você tem tido esse grande significado. Um pronome pessoal com apenas quatro letras ótimas de se falar ou se ouvir, sobretudo quando acompanhadas de um sorriso ou seguida de um suspiro.
A depender do ponto de vista - ou do que se olha ou de quem diz - você pode englobar tantos sentimentos, sensações e vivências que não consigo nem pensar ou imaginar outras palavras que poderiam descrever o que representa. Nenhuma jamais causa ou causou tamanho impacto, emoção ou significação.
É, você dá aquela sensação de pertencimento e proximidade que nenhum outro sujeito, substantivo, verbo, pronome ou adjetivo poderiam representar neste ou em qualquer outro contexto. Nem consigo mensurar quantas histórias são possíveis de se viver e escrever com e sobre você…
O sujeito a compartilhar…
Compartilhar é uma das coisas mais gostosas e importantes da vida. Não é só um verbo bitransitivo à toa ou que aceita qualquer tipo de sujeito. Não, nada disso. Compartilhar é permitir que alguém possa fazer parte do seu mundo e você do dele, não havendo absolutamente nada mais íntimo que isto (pelo menos para mim).
Compartilhar é algo grandioso por exigir a audácia de dividir o que você realmente é com alguém. E é justamente por esse motivo que essa partilha não pode se dar com qualquer sujeito, mas vou lhe explicar o porquê.
O sujeito ordinário, por exemplo, é tão egocêntrico que só tem ele mesmo a te oferecer. Já o oculto é um covarde, por não ser explícito o suficiente para se fazer presente e - sempre! - dependerá de um predicado para ser notado. Definitivamente, esses não são os tipos de sujeito a compartilhar. Pior que eles só o inexistente, que sendo tão impessoal não merece fazer parte de nada.
Mas, caro leitor, devo-lhe sinceridade em alertar quanto ao sujeito que mais temo: o indeterminado. É aquele tipo de sujeito que não se pode identificar e capaz de te colocar numa incógnita, sem você saber se está envolvido ou não na ação. É aquele que te gera ambiguidade, por sua incerteza, e que a dificuldade de escolha pode machucar seu coração.
É por isso que compartilhar exige, assim, um sujeito composto. Esse é o que tem mais do que a si mesmo para oferecer. É destemido o suficiente para partilhar contigo o que ele é, desejando essa mesma reciprocidade. Sabe articular sua presença por querer fazer parte do que é principal, já que entende que sua ação não será transitiva, mas definitiva. É aquele que quer fazer parte do seu mundo e quer você no dele.
Eu sabia que existia…
Se tem algo que amo profundamente é o céu noturno. Não há coisa que consiga me estasiar mais do que isso. É um deleite aos olhos e um alívio para minha mente. Posso ficar por horas deitada, só olhando para um céu limpo e cheio de estrelas, como estou fazendo agora. Da mesma forma que indicavam caminhos na antiguidade, parecem iluminar a minha alma e meus pensamentos na modernidade.
E, de tanto observá-las, fiz até amizade. Algumas são bem conhecidas. As da constelação de Órion são as minhas favoritas. Acho que é porque, quando olho para elas, logo me lembro da história de Aristófanes, que li uma vez no diálogo ‘O banquete’. Fico pensando na ordem que aquele canalha do Zeus deu a Apolo e sempre me pego xingando mentalmente o covarde por tê-lo obedecido. Afinal, com tantos amores que buscou, separou aqueles genuínos e que se pertenciam, almas gêmeas. Não à toa gosto de Órion, seu opositor.
Veja como minha mente foi longe. Deitada aqui, olhando para o céu e escrevendo este texto, sou só eu comigo e nada mais. Olhando para o alto, aqui bem de baixo, sinto tanta paz! Livre, mesmo que por um instante, daqueles pensamentos e desejos. Alivia, mesmo que por pouco, da impossibilidade de me levar àquilo que eu sabia que existia (e existe, respira!). Zeus que o diga!
Incrível é ter você…
Pele com pele, boca com boca. Só de pensar dá um arrepio gostoso, a barriga gela e já surgem na imaginação todos aqueles movimentos e sincronismo que só duas almas gêmeas são capazes de ter.
Pensar em você tão perto, com o melhor cheiro e beijo, é o mais próximo que se pode chegar da perfeição. Quando sua perna fica junto da minha, ou quando acaricio ou deito em seu peito, é como se fosse transportada para um local só nosso, de onde não quero sair.
Quando você beija meu ombro e desce suavemente suas mãos pelo meu braço, pegando na minha mão e entrelaçando seus dedos nos meus, sinto-me convidada a fazer parte do seu mundo.
Seu desejo explícito me excita. Sua pegada e seu seu olhar, que refletem tudo aquilo que quer viver e fazer, só reforçam a minha vontade de estar com você.
É o tipo de coisa que você não imagina que existe e, quando encontra, não vê a hora de vivenciar de novo. Que sensação incrível é ter você.