Desculpas... por todas as vezes que... Luis Henrique Takatsu

Desculpas...
por todas as vezes que lhe disseram frágil demais,
não o suficiente, quando sempre foi forte demais.
Desculpas...
por cada vez que um de nós, os "eles", prometeu amor,
mas entregou apenas dor; prometeu rosas,
mas deixou espinhos e feridas sem pudor.
Desculpas...
por todas as lágrimas que já teve que limpar do rosto,
quando fizeram transparecer tristeza,
onde apenas merecia ter um sorriso exposto.
Desculpas...
por cada vez que lhe roubaram o direito de escolher,
quando disseram onde estar, o que vestir e como viver.
Desculpas...
por todas as vezes que diminuíram sua luta e sua glória,
como se seu brilho fosse acaso, e não parte da história.
Desculpas...
por cada vez que tentaram silenciar sua voz,
quando tudo que queria era apenas ser ouvida,
mas lhe fizeram engolir palavras que mereciam ser ditas.
Desculpas...
pelos olhares que não eram de admiração, mas de ameaça,
pelos passos apressados na calçada,
pelas ruas desertas, pelo medo constante,
quando ir e vir deveria ser um direito e não um risco alarmante.
Desculpas...
por cada vez que duvidaram dos seus sonhos,
quando tudo que precisava era apoio para seus planos.
Tentaram convencer-lhe de que seu lugar era menor,
quando a igualdade deveria existir desde o primeiro amanhecer.
Desculpas...
por todas as batalhas que travou sozinha,
não porque quis, mas porque faltou apoio até dos "eles" da própria família.
O mundo deveria ter sido mais justo, menos cruel,
nunca cabia a você esse papel.
Desculpas...
por cada "não" que foi ignorado sem hesitar,
por cada mão que ousou tocar sem sequer perguntar,
por cada "sim" que lhe arrancaram pelo medo,
por cada vez que sufocaram seu desejo.
Desculpas...
por cada sonho que tentaram calar,
por cada medo que lhe ensinaram a carregar,
por cada sonho abafado, por cada um deles não realizados.
Desculpas...
por cada lágrima que você não quis derramar,
mas que o mundo injusto a fez chorar.
Hoje não basta apenas parabenizar,
é preciso mudar, reparar e respeitar.