O VIOLÃO EM SERESTA Mansa noite,... Elcio Jose Martins

O VIOLÃO EM SERESTA
Mansa noite, seresta ao luar, um cupido violão, românticos e apaixonados, desfilam em ruas e vielas, fazendo mais felizes as donzelas nas janelas.
Meia luz pela fresta dá o sinal, o sono se esvai, o coração palpita forte e a alma em candura se segura.
Aos poucos vai deixando entrar o afinado som da melodia, que acalma, que inebria e aflora o fogo da paixão.
O romantismo, que alucina e arrepia, faz tremular braços e pernas como no frio a zero graus.
As canções escolhidas a dedo, dão o recado como se balbuciasses palavras doces aos ouvidos...
A noção do tempo se perde na poeira da emoção, o sono que virou sonho acordado, corre ladeira abaixo.
Já é quase madrugada. Bate sonolento o relógio da matriz, cinco badaladas, vixe, já é quase hora de levantar.
O romântico violão se cala, passos lentos vão sumindo, a cama vazia à espera para o aconchego do amanhecer. Mas o sonho acordado faz girar a roda em pensamentos salpicados.
Já é hora de recomeçar o dia, uma nova jornada e um novo porvir.
Fica martelando um bate-bate da lembrança misturada com a saudade.
O Romântico violão aguarda ansioso seu retorno triunfante na janela que se abre à meia luz.
O romantismo ainda existe, mesmo que seja apenas em poesia.
Élcio José Martins