⁠TEMPESTADE DO SEGUNDO MEDO XVI Pink... Carlos Alberto Blanc

⁠TEMPESTADE DO SEGUNDO MEDO XVI Pink Paradise “O entardecer é mais violento que o derradeiro movimento.” “O inferno de carne e ossos, com a paciência da putrefa... Frase de Carlos Alberto Blanc.

⁠TEMPESTADE DO SEGUNDO MEDO XVI

Pink Paradise
“O entardecer é mais violento que o derradeiro movimento.”

“O inferno de carne e ossos, com a paciência da putrefação.”
“As luzes incandescentes daquele universo paralelo entranham o melhor do pecado. Seus poros são sugados enquanto transpiram. Com o pouco do vestígio humano não há quem não venha perder, por algum tempo, o paladar do assassinato. Esse paraíso é dos homens, sejam eles presas fáceis, ou não. Mais uma vez, tudo está no fim, no oculto, na liberdade com suas obscenidades. O inferno de carne e ossos, com a paciência da putrefação.”
TEMPESTADE DO SEGUNDO MEDO XVI

Pink Paradise
Águas escuras com a densidade que paira a cegueira. Não se pode enxergar além das folhas que, no seu fim, levadas pelo vento, dormem com algum tipo de encantamento para quem observa como a vida é mortal. O detalhe mais sutil das águas desse pântano é que elas levam muito tempo para seguirem algum curso. A quase inércia é invisível para o melhor observador. Os movimentos mais lentos pertencem à paciência. A única transparência está no medo que causa calafrios, pelo simples motivo que somos humanos: a escuridão é um lugar habitado. Esse é o mundo e não há como fugir dele. Decisões impensadas podem levar qualquer pessoa para o desfecho trágico, como o precipício esconde o silêncio. Não seria nenhuma novidade, saber que muitos se apressam com a própria fatalidade. Outros, não aceitam a ideia de que qualquer um pode morrer sem dificuldades. Afinal, somos todos semelhantes. Não há para onde fugir. Existe alguma certeza para exemplificar o motivo pelo qual a ilusão é sempre um estado dopante, asfixiando lentamente aqueles que buscam equilibrar suas ansiedades. A ficção do pesadelo está na realidade. Nele você não consegue viver sem algum vício. É o que lhe mantém vivo após uma jornada pela sorte da violência. Todos os dias somos pegos, repentinamente, por fatos que nos cercam, durante o instante do desastre alheio. Essas águas são profundas e espreitam o ar que respiramos. Querem nos arrastar para o fundo onde o fôlego perde qualquer opção. O amanhecer não é para todos e a noite se aproxima.
— Hellen, Hellen, quem sabe poderíamos nos encontrar fora daqui. Você faz trabalhos, por assim dizer, particulares. Você sabe.
— Claro, meu amor. Pagando bem eu o levo para as estrelas.
— Danadinha, você merece todo o fogo.
— Olha querido, você tem algum lugar especial ou mora aqui por perto.
— Não se preocupe com isso. O lugar para onde vou levá-la, nunca mais nessa vida terá outro igual.
— Não sei se fico assustada ou lisonjeada. Você poderia deixar de ser assim tão misterioso.
— Não tenha medo. Eu como quando tenho fome. Simples assim.
Capítulo 4
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Carlos A. Blanc
® Acost Singler
Rascunho