⁠Fingir. Fazer cena para escapar do... HELSINKI

⁠Fingir. Fazer cena para escapar do óbvio, como quem monta um teatro precário na tentativa de esconder a transparência de uma janela aberta. Deixar o tempo esco... Frase de HELSINKI.

⁠Fingir. Fazer cena para escapar do óbvio, como quem monta um teatro precário na tentativa de esconder a transparência de uma janela aberta. Deixar o tempo escorrer pelas mãos, achando que o silêncio e a distância podem disfarçar o que pulsa no ar. Mas o tempo, esse eterno cúmplice e traidor, nunca passa sem deixar vestígios.

Quando ele vai, carrega junto a chance não vivida, o gesto que ficou no meio do caminho. E, no rastro que deixa, instala um lamento sutil — não um grito, mas um murmúrio constante, como um eco que insiste em retornar. Porque, por mais que se disfarce, por mais que o jogo de desfaçatez seja encenado com maestria, há algo inegável: é bom sentir.

Sentir o que as palavras evitam, o que os olhares confessam sem querer. É bom o calor que surge no meio da dúvida, mesmo que carregue consigo o peso de uma incerteza. Fingir pode ser seguro, mas nunca será pleno. E quem sente sabe: fugir não apaga o que o coração já reconheceu.