1. Ela tinha olhos que carregavam o peso... FANTI MC

1. Ela tinha olhos que carregavam o peso do mundo, como se o sofrimento alheio fosse seu destino. Falava baixo, mas sua voz perfurava, cada palavra parecia conf... Frase de FANTI MC.

1.
Ela tinha olhos que carregavam o peso do mundo,
como se o sofrimento alheio fosse seu destino.
Falava baixo, mas sua voz perfurava,
cada palavra parecia confessar um crime invisível.

Ela amava como quem expia uma culpa,
e odiava com a mesma intensidade.
Nos gestos, havia uma busca constante,
uma sede que o tempo jamais saciaria.

Ela não era santa nem demônio,
mas algo entre os dois:
uma alma queimada pela própria luz,
vagando entre as sombras.

2.
A mulher sentada no canto da sala
era um labirinto sem saída.
Cada ruga no rosto era uma estrada,
cada sorriso, uma armadilha.

Ela me olhava como se soubesse
todas as verdades que eu queria esconder.
E, mesmo assim, seu olhar não era de julgamento,
mas de piedade.

“Você não entende,” disse ela,
“as mulheres carregam o fardo da humanidade.
Enquanto vocês se perdem na glória ou na desgraça,
nós suportamos o silêncio.”

3.
Ela rezava todas as noites,
mas suas preces não eram de fé.
Eram súplicas desesperadas,
gritos abafados de uma alma cansada.

Os ícones na parede testemunhavam sua luta,
mas nunca respondiam.
Ela era Maria e Eva ao mesmo tempo:
mãe da dor, cúmplice do pecado.

E, no fundo, sabia que a redenção
nunca chegaria para almas como a dela.
Ainda assim, rezava.
Porque o silêncio seria pior.

4.
Ela era a personificação do dilema,
uma luta constante entre a virtude e o desejo.
A fragilidade do corpo contrastava
com a força do espírito.

Em suas mãos, a bondade parecia cruel,
e o amor era sempre um fardo.
“Não há alegria sem dor,” disse ela,
“e talvez nem a dor seja verdadeira.”

Eu tentei amá-la, mas era inútil.
Ela pertencia a um mundo
onde o amor era sempre uma tragédia,
nunca uma bênção.

5.
Havia algo de eterno nela,
como se seu rosto fosse uma lembrança
de todos os sonhos que nunca realizei.
Mas o eterno, percebi, também cansa.

Ela falava em enigmas,
como quem carrega a sabedoria
de vidas que nunca viveu.
Mas seu riso era uma mentira.

No fundo, ela queria ser mortal,
queria sentir o peso das escolhas comuns.
Mas o destino nunca foi justo com mulheres como ela.
Então, ela continuava sorrindo.