Crônicas de Diane Leite Capítulo... Diane Leite
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Crônicas de Diane Leite
Capítulo 10: O Poder da Gratidão – Encontrando Luz na Jornada
A gratidão não é um gesto de quem venceu a vida. É um abraço íntimo com o que nos machuca, um sussurro de que, mesmo na escuridão, há uma centelha que nos lembra: você ainda está aqui.
Perdi um sonho que carregava no corpo. Por meses, senti o vazio como um quarto sem janelas, onde até o ar parecia pesar. As perguntas eram facas: Por que eu? O que faltou fazer? Mas o tempo, silencioso e sábio, trouxe uma revelação: às vezes, a vida recolhe algo para entregar outra semente. Anos depois, ao segurar meu filho pela primeira vez, entendi. Aquele amor não apagou a dor, mas deu sentido à espera.
A gratidão é isso: ver a luz que nasce das rachaduras. Não é sobre esquecer o que doeu, mas honrar o caminho que nos trouxe até aqui.
Experimente
Feche os olhos. Lembre-se de uma pessoa que, sem saber, iluminou um dia seu. Talvez um sorriso de um estranho num dia cinza ou a voz de um amigo que disse "estou aqui" quando você quase desistia. Imagine agora enviando a ela, em silêncio, um único pensamento: "Obrigado por ter cruzado minha história."
Sente um calor no peito? Uma leveza? Isso é a vida dizendo: "Nada é por acaso."
A magia está nos detalhes que ignoramos
A xícara quente entre as mãos em manhãs frias.
O cheiro de terra depois da chuva.
O riso que escapa de alguém amado sem nenhum motivo.
Esses pequenos instantes são fios invisíveis que costuram nossa existência. E, quando passamos a notá-los, algo muda. A pressa perde força. O medo se dissolve. O agora se torna sagrado.
Um ritual simples
Toda noite, antes de dormir, respire fundo e nomeie três coisas que passaram despercebidas no seu dia. Pode ser o canto de um pássaro, o sabor doce de uma fruta ou até a cor do céu ao entardecer. Não precisa ser grandioso. Basta ser verdadeiro.
Com o tempo, você perceberá: a gratidão é uma lente. Ela não muda o mundo, mas ajusta seu olhar para enxergar a beleza que já estava lá.
E se, ao fechar este livro, você sentir vontade de olhar pela janela e perceber algo que sempre esteve à sua frente — uma flor nascendo entre o concreto, o balanço das folhas no vento —, não ignore. Pare. Sinta.
Porque a vida não está no que falta, mas no que já pulsa ao seu redor.
Despertar
Algumas palavras são como sementes. Elas só germinam se encontrarem terra fértil. Se este capítulo tocou algo em você, é porque você já estava pronto. A gratidão não exige crenças ou explicações. Ela só pede um coração aberto para enxergar o que sempre esteve lá: a luz que persiste, mesmo quando tudo parece escuro.
Que possamos seguir não como quem busca respostas, mas como quem aprendeu a dançar com as perguntas. E, no meio da dança, descobrir que a própria vida é a maior dádiva.
Diane Leite