No brilho frio das telas, uma alma se... Matete Ntaluma

No brilho frio das telas,
uma alma se despe de segredos,
entre notificações e status
desabrocha um coração em streaming.
Palavras digitadas,
em meio a emojis e hashtags,
transformam angústias em posts
e silêncios em stories efêmeros.
Como se confessar nesta era?
Deslizando o dedo na esperança
de que, em cada clique,
a dor se transforme em conexão.
Não há mais o altar de velhas confissões,
nem o sussurro íntimo de uma igreja;
hoje, a verdade se expõe em pixels,
num feed onde a vulnerabilidade encontra público.
É um grito digital,
um manifesto de identidade
entre likes que acalmam e comentários que ferem,
um convite à coragem de ser visto
no vasto e caótico universo virtual.
Mesmo que a privacidade se dilua
na imensidão das redes interligadas,
a confissão permanece –
um ato de fé no agora,
um pedido silencioso de ser ouvido
em meio ao ruído incessante do século 21.