Talvez nós, humanos, tivéssemos sido... Nereu Alves
Talvez nós, humanos, tivéssemos sido mais civilizados se nunca tivéssemos deixado as cavernas. A ironia da chamada “civilização” é que, com o passar do tempo, nos tornamos cada vez menos humanos. Somos predadores, devorando uns aos outros não com dentes e garras, mas com egoísmo, ganância e indiferença. O homem moderno olha apenas para si mesmo, ignorando o sofrimento alheio e pisoteando tudo ao seu redor em busca de poder e dinheiro.
A estupidez humana atingiu seu ápice. O tempo, que deveria ser um sábio mestre, transformou-se em um relógio implacável, ignorado por aqueles que acreditam na própria eternidade. O homem comete o erro de subestimar Deus, brincando com o que não lhe pertence. Usa o nome divino em vão, mas se curva a tudo o que não é sagrado. E o que não vem de Deus dificilmente pode ser bom.
Enquanto isso, o planeta sofre. O ar se envenena, as águas secam e as florestas transformam-se em cinzas. A Terra, que um dia foi um paraíso, caminha para se tornar um corpo sem alma, um cadáver cósmico à deriva no universo. Talvez o mesmo destino já tenha ocorrido em outros mundos, onde civilizações destruíram suas próprias casas e esgotaram seus recursos até que nada mais restasse.
E assim seguimos, rumo à extinção, não por catástrofes naturais, mas por nossas próprias mãos. O maior inimigo da humanidade é ela mesma.
Mas que adianta ter poder, dinheiro e riquezas se nossa própria vida, nossa essência, permanece pobre e miserável? De que vale toda a conquista se, no final, não se possui nada de verdadeiro? Feliz é aquele que tem amor para dar, que ama seu próximo e vive a vida que Deus lhe concedeu, encontrando meios de atingir seus objetivos sem passar por cima dos outros, sem roubar o pão das crianças.
Das crianças se formam tantas vidas; na natureza, nos bichos da Terra, nos animais, em tudo que é vivo, reside a essência da existência. Se nos rendermos à busca desenfreada pelo dinheiro, estaremos condenados, por nossos próprios atos, à miséria espiritual, perdendo nossa alma e a promessa da vida eterna. Feliz é aquele que se contenta com o simples, pois ama e é amado, vivendo em harmonia com o que é essencial.
Penso que o grande problema da humanidade reside em nós mesmos – pessoas que, talvez, nunca se completaram porque jamais experimentaram o êxtase da plena realização, aquele momento de comunhão com a própria essência que transcende o físico. Enquanto não alcançarmos essa plenitude interior, continuaremos a nos perder em busca de satisfações passageiras.