orgulho; no topo da prisão, rei sem... Vinicius Rodrigues
orgulho;
no topo da prisão,
rei sem reino.
tranquei as celas —
encarcero e me aprisiono,
coroado pelo ego.
governo eu mesmo,
morro em mim,
mas não me curvo —
carcaça ereta,
mente cerrada.
voo acima de todos,
anjo de asas de couro.
no topo da colina cinza,
cuspo na miséria
que recuso a ver.
me ergui em chamas
e queimei a cidade.
governei o caos,
liderei a loucura.
egoísmo cego,
ouro falso.
e quem precisou,
virei a cara.
ego cheio,
coração oco.
queixo erguido sobre espinhos,
coroa em brasa.
e no fim, só restou o cheiro:
o santo churrasco,
primeiro que saboreio —
banquete de rei,
minha carne queimada.
sucumbo, enfim,
ao trono que ergui.
construção vazia.
ruína certa.