A sua ida aos céus Um carro preto,... Brazchi

A sua ida aos céus
Um carro preto, tão escuro quanto o céu, aconchegava dentro de si um belo casal de humanos.
Humanos estes que a todo momento ficavam batendo nos cantos.
Um jovem casal belissimamente lindo!
Pena que o jovem rapaz não sabia o que estava vindo…
Ao ligar o velho motor, tomou-se pela dor
Porém preferiu ignorar para de tua garota o sorriso não tirar.
Garota elegante, com olhos cor de madeira e cabelo cor de petróleo.
Olha-o com certa ambiguidade em seu olhar.
Pena que o jovem não houve de notar.
À toa o carro gastava seu óleo.
Cada hora da noite, noite está que assemelhava-se mais à eternidade, os dois, novamente, demonstraram um amor que, confesso eu, nunca antes recebi, um amor cheio de reciprocidade.
Como queria estar igual aos pombinhos, amando na flor da idade!
Continuemos…
Seguiram se amando, trocando beijos e palavras lindíssimas.
Pena que, para o jovem rapaz, estas seriam as últimas.
O seu olhar a fitava, amava e a desejava ao seu bombeador de sangue.
A sua mão a tocava, ou melhor, a tratava como uma mulher.
Depois de um tempo, a viagem seguiu.
Um caminhão, maior que minha mão, foi de encontro ao carro.
Talvez para cobrar-lhe uma antiga dívida?
Pena saber que, para o jovem, o combinado custou caro.
A jovem, por sua vez, teve a sua saúde mantida.
Colocaram o jovem sobre uma caminha, acredito que se chame maca,
E levaram-no, com certa despreocupação, a uma salinha cujas paredes e cujo teto eram brancos e sem vida.
No lugar, não havia nada, mas isto não era um problema ao rapaz;
Pois este sabia que, ao fim, teria, perto de si, sua mulher.
Os dias corriam de um lado ao outro, claramente, sem rumo algum.
No entanto não havia preocupação;
Porque carregava a imagem daquela detentora do seu coração.
Não se queixava de remédio nenhum.
Os olhos, ainda brilhantes, namoravam a porta.
Sempre achei aquela porta digna de ser aberta por uma linda dama
Que, no momento em que estivesse eu dentro de uma ilusão, me visitasse na cama,
Que segurasse em suas mãos de coelho um deliciosa torta, sorrindo para mim enquanto uma fatia corta.
Desculpe, continuemos…
O tempo muito se passou,
E a moça, no prédio, nem sequer pisou.
Pelo grau do acidente, o pobre rapaz perdeu parte de sua coordenação motora da região inferior.
Se ao menos ela o visse, poderia, facilmente, tratar de seu caso com o seu simples amor.
Se ao menos… Se ao menos tivesse…
Aos poucos, o movimento no interior foi diminuindo…
Mesmo em sonhos, não a conseguia ver ao seu lado sorrindo.
O lugar tornou-se um velho prédio onde todos os profissionais ficaram à disposição.
Suas pernas, já saudáveis, entrelaçavam os dedos ansiosamente.
Seus dentes chocavam-se uns contra os outros de nervoso;
E seu coração se quebrava em sua totalidade. Neste momento, arrisco dizer que parte deste foi eliminado pelos sucessivos vômitos de tristeza.
Ao final de seus dias, ficava de prantos em sua pequena mesa.
Na hora de sua partida, pegou seus pertences derrubando um oceano de mágoas pelo chão.
No instante em que deixou o hospital, olhou ao pobre e triste céu,
Querendo ver, novamente, sua amada e a esta cobrir com um lindo véu.
Pobre jovem… não há nada neste mundo material para segurar sua mão.
O homem foi caminhando a um local cheio de pedras com formato de paralelepípedo.
O lugar era belo, havia uma quantidade rica de flores deixadas por aqueles que, igual a ele, sentiam as mesmas dores.
Ele, a fim de honrar o local em que estava inserido, levava consigo um lindo conjunto de rosas que, milagrosamente, deixaram-no com o peito aconchegado.
“Como eu a amo!
Como eu a vislumbrava!
Uma mulher que, durante sua vida, feliz o meu coração deixava!
Como eu a amo!”