crisálida; fui silêncio, mas as... Vinicius Rodrigues
crisálida;
fui silêncio,
mas as palavras me transbordaram.
fui abrigo,
mas ninguém ficou para a reconstrução.
me despedi de quem fui,
carregando cicatrizes como mapas,
navegando por mares de arrependimento,
com velas feitas de culpa.
enterrei meu velho eu
como quem planta uma dúvida.
e esperei.
esperei que asas brotassem
onde antes havia correntes.
mas a metamorfose é lenta,
e no casulo do tempo,
a dor é a primeira a nascer.
sou pó de memórias,
sou o eco de antigas promessas,
sou a espera do que ainda pode ser.
e se um dia eu voar,
que o vento me leve
sem medo de cair.