⁠Berlim Essa semana tive uma conversa... henrique bucherk monteiro

⁠Berlim Essa semana tive uma conversa muito interessante com minha irmã, uma conversa muito afetiva sabe? Eu e minhas irmãs nunca tivemos isso de falar sobre se... Frase de henrique bucherk monteiro.

⁠Berlim

Essa semana tive uma conversa muito interessante com minha irmã, uma conversa muito afetiva sabe? Eu e minhas irmãs nunca tivemos isso de falar sobre seus sentimentos e expressar o que sentimos sobre determinada situação, talvez tenha sido por isso que a maioria de nós encontra 'família' em pessoas que não são do seu sangue. Comigo foi algo parecido. Quando criança, nunca fui ensinado pelos meus pais a falar como eu me senti, pelo contrário, qualquer demonstração de sentimento era tida como algo de 'bicha'. Então, sempre foi algo muito reprimido. A partir daí, eu comecei a buscar esse acolhimento de 'família' em amigos, em pessoas que não me reprimiam. Encontrei amigos que são bem parecidos comigo e nos tornamos família. Brigamos e nos acertamos novamente. Desde então, considero que me tornei uma pessoa com muita maturidade e muito afetiva (agradeço aos meus amigos que nunca me trataram de outra forma). Sendo assim, decidi quebrar esse ciclo da minha família. Confesso que está em processo ainda. Acredito que meus irmãos, assim como eu, tenham feridas tão profundas e que com o tempo tornou-se uma simbiose com eu deles e seus traumas. Sempre que posso, chamo eles para minha casa, convido para fazer alguma coisa, e tento ao máximo ser uma pessoa afetiva (dentro dos parâmetros que consigo). Alguns de nós demonstram a afetividade das formas mais subjetivas possíveis, pode ser através de gestos, presentes, palavras e algo muito subjetivo de cada indivíduo. Ontem, eu e minha irmã tivemos uma conversa. Ela disse para mim que quando ela resolver a vida dela, eu poderia ir morar com ela em outra cidade. Também disse que ela sempre estará ali para mim. Saber disso me trouxe uma certa paz de espírito. Eu consegui fazer com que ela se abrisse para mim, isso foi tão gratificante. Respondi a ela que o sentimento era mútuo e que ela também sempre poderia contar comigo, que eu achava muito importante a gente se apoiar, já que não recebemos isso de nossos pais (não é uma crítica à minha mãe, que fez o seu melhor para nos criar enquanto mãe solteira. Hoje, mais velho, entendo que ela só poderia passar para a gente o que foi ensinado a ela, como ela poderia ensinar algo que nunca foi dado a ela?). Sinto que eu e meus irmãos estamos chegando em algum lugar dentro da afetividade, estamos nos buscando mais, e isso me deixa muito feliz.

Amor é uma experiência grande demais para se reduzir a apenas uma modalidade. Há muitas formas de amar e nenhuma delas é exatamente fácil, uma vez que nenhuma delas nos livra da solidão. Ana Suy