⁠A Singularidade que Move o Mundo... Diane Leite

⁠A Singularidade que Move o Mundo Autoria: Diane Leite Há algo de extraordinário no mundo que ainda é ignorado por muitos. São pessoas que, no silêncio de suas ... Frase de Diane Leite.

⁠A Singularidade que Move o Mundo
Autoria: Diane Leite

Há algo de extraordinário no mundo que ainda é ignorado por muitos. São pessoas que, no silêncio de suas existências, carregam um poder que não pode ser medido pelos padrões típicos. São os autistas, especialmente os de nível 1, aqueles que um dia foram conhecidos como portadores da Síndrome de Asperger. E enquanto muitos tentam moldá-los para caber em caixas que nunca foram feitas para eles, a verdade é que essas caixas nunca foram grandes o suficiente para conter sua genialidade.

O que seria da nossa sociedade sem eles? Pense na internet que usamos diariamente, nas redes sociais que conectam bilhões de pessoas ao redor do mundo, no avanço tecnológico que nos coloca em contato com o futuro. Quem você acha que está por trás disso? Não precisa ir longe: Elon Musk, considerado um dos maiores visionários da atualidade, é autista. Ele não foi moldado para ser "como todo mundo". Ele é o que é porque aceitou sua diferença como sua maior força.

Mas antes de falarmos dos grandes nomes, olhemos para dentro de casa. Meu filho mais velho, aos 3 anos, lia e escrevia; aos 10, falava várias línguas sem nunca ter tido uma aula formal. Meu filho mais novo seguiu o mesmo caminho. E eu, com 4 anos, já estava anos-luz à frente do que se esperava de uma criança comum. Somos autistas. Não encaixamos. Não seguimos a manada. Mas isso não é um defeito. Isso é nosso poder.

Por que a sociedade insiste em ver o autismo como algo a ser "consertado"? Por que as escolas reclamam da dificuldade em lidar com essas crianças, ao invés de enxergarem o potencial que elas trazem? Um autista pode ter dificuldade em amarrar os cadarços, mas pode criar uma nova tecnologia que mude a forma como vivemos. Ele pode parecer alheio às conversas sociais, mas está hiper focado em algo que revolucionará o mundo.

A sociedade precisa parar de tentar tornar o autista um típico. Inclusão não é moldar; é respeitar e utilizar as habilidades únicas de cada indivíduo. Nos Estados Unidos, as escolas estão anos-luz à frente nesse quesito. Elas identificam as altas habilidades dessas crianças e as direcionam para áreas em que podem brilhar. Enquanto aqui muitos autistas ainda precisam provar que são "bons o suficiente", lá, eles são incentivados a serem exatamente quem são.

O hiperfoco de um autista é sua maior arma. Enquanto um típico se distrai com questões sociais, o autista vai fundo, termina o que começou, e faz isso de forma brilhante. É assim que grandes mentes mudaram o mundo. Pense em Temple Grandin, que revolucionou o manejo de animais com sua sensibilidade e visão única. Pense em Anthony Hopkins, cuja profundidade como ator é incomparável.

E é justamente essa singularidade que precisa ser respeitada. Não precisamos de pena. Não somos vítimas. Somos geniais à nossa maneira, e o mundo só tem a ganhar se aprender a nos respeitar e utilizar nossas habilidades de forma inteligente.

Querem inclusão? Então entendam que o autista não foi feito para ser igual. Ele foi feito para ser extraordinário. Aceitar isso é o primeiro passo. Respeitar é o segundo. E, por fim, permitir que floresçamos em nosso próprio ritmo e com nossas próprias cores é o que realmente mudará o mundo.

Aos pais, professores, e à sociedade como um todo, digo isso: parem de reclamar. Observem. Incentivem. Não tentem nos encaixar em moldes. Deixem-nos ser quem somos. Porque enquanto vocês se preocupam em nos corrigir, nós estamos ocupados mudando o mundo.

E que um dia, as futuras gerações não precisem gastar energia provando seu valor. Que elas possam ser quem são, desde o início, e que sejam vistas, não como desafios, mas como presentes. Porque é isso que somos: presentes únicos, destinados a transformar tudo ao nosso redor.

E o que resta a vocês é apenas uma coisa: respeitem-nos. Porque o futuro que tanto desejam já está sendo construído por nós.


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Nota da Autora: Essa crônica é uma celebração da singularidade dos autistas, um chamado à empatia e à admiração por aqueles que veem o mundo de uma forma única. Que ela inspire reflexão, respeito e ações que realmente façam a diferença.