CARROSSÉIS Minha neta está... Sérgio Antunes de Freitas
CARROSSÉIS
Minha neta está desenvolvendo o processo da fala, já com um pouco de autonomia.
Sempre nos surpreende com palavras e frases certamente aprendidas na creche, nos desenhos da televisão, na observação de terceiros diferentes dos familiares.
Seus pais a levaram, pela primeira vez, a um parque de diversões, aquele mundo de máquinas maravilhosas, cheias de luzes, cores, sons, movimentos.
Pelas fotos e vídeos, pudemos vê-la nos brinquedos, com os olhos reluzentes e os sorrisos empolgantes.
Minha Nora nos contou seu comentário, na hora do retorno para casa, sentada na cadeirinha do carro, olhando aquela imagem fantástica, com a roda gigante, o tobogã, as coberturas coloridas. Ela disse: - Foi legal!
Nem precisava ter pronunciado essa frase inédita, dados os registros visuais que não canso de apreciar!
Vendo-a no carrossel, me lembro da música “O Caderno”, do Toquinho:
“Quando surgirem seus primeiros raios de mulher,
A vida se abrirá num feroz carrossel...”
E imagino seu futuro, entre temeroso e confiante!
Também olho para o meu passado, me lembrando dos tantos giros vividos nos carrosséis dos anos. Foram de todos os tipos: musicais, silenciosos, barulhentos, rápidos, lentos, felizes, tristes, inoportunos, violentos, trágicos.
Alguns contrariaram as regras da Física, pois apresentaram mais baixos do que altos.
Vários foram mais parecidos com um trem-fantasma, cheios de curvas fechadas e sustos!
Agora, quase na hora de ir embora, repito o seu sorriso no espelho, ao constatar sua existência, coroando a minha.
Em função disso, digo para mim mesmo: - Foi legal!
Sérgio Antunes de Freitas
Janeiro de 2025