O Coração Gigante de Débora Por... Diane Leite
O Coração Gigante de Débora
Por Diane Leite
Há pessoas que atravessam a vida como cometas: enfrentam tormentas, cruzam céus nublados e iluminam tudo ao seu redor com uma força que só pode vir do coração. Minha tia Débora é uma dessas pessoas. Sua história é um épico de resiliência e amor, com capítulos marcados por desafios imensuráveis e superações que só alguém de alma gigante poderia conquistar.
Débora nasceu em um lar de dificuldades. Ainda menina, perdeu o pai e foi acolhida por um orfanato, pois sua mãe, com muitos filhos e poucos recursos, não conseguia cuidar de todos. Desde cedo, aprendeu que a vida exigiria força e determinação. Trabalhou em casas de família, enfrentando responsabilidades maiores do que qualquer criança deveria carregar. Mas Débora nunca reclamou. Em vez disso, escolheu o amor como sua bandeira.
Ela foi mãe de cinco filhos e, sozinha, os criou com um amor que transbordava. Quando a vida lhe trouxe uma filha inesperada, ela a acolheu sem hesitação. Débora não sabia amar pela metade. Seu coração era um refúgio para quem precisasse, e sua casa, por mais humilde que fosse, sempre tinha espaço para mais alguém.
Mas a vida testou Débora de formas inimagináveis. Ela perdeu um filho de maneira brutal, uma dor que nenhum coração deveria suportar. Enfrentou enchentes que destruíram tudo o que havia construído. E, ainda assim, ela se levantou. Reconstruiu, recomeçou, amou. Sua capacidade de superar tragédias era como uma chama que nunca se apagava.
Débora não teve sorte no amor, mas isso nunca a impediu de amar. Carregou decepções que teriam endurecido muitos corações, mas o dela só crescia. Ela era o ponto de equilíbrio em meio às tempestades familiares, sempre buscando apaziguar conflitos, sempre desejando que todos ficassem bem.
Para mim, Débora foi mais que uma tia. Foi uma segunda mãe. Trabalhamos juntas por quase 20 anos, e ela esteve ao meu lado nos momentos mais difíceis e nas maiores conquistas. Brigávamos, como mãe e filha costumam brigar, mas o amor sempre nos trazia de volta. Ela acreditava em mim de um jeito que, às vezes, eu mesma não conseguia.
Nesta semana, o destino trouxe um golpe cruel. Um segundo AVC a colocou em uma batalha que parece maior do que ela. Passou por uma cirurgia delicada, e os médicos falam de morte encefálica. Mas, mesmo diante desse diagnóstico, minha fé permanece inabalável. Débora é uma guerreira. E guerreiros, mesmo quando partem, deixam sua luz.
Se ela acordar, quero que saiba que escrevi estas palavras para ela. Quero que saiba que, em cada linha, está o amor e a gratidão que sinto. Se ela não acordar, que estas palavras sejam um tributo eterno à mulher incrível que ela foi.
Débora é amor, força e luz. Sempre será.