Repentinamente me deparei com uma... Luiz Carlos Guglielmetti
Repentinamente me deparei com uma janela aberta, havia todo um encanto no entorno dela, mas algo leve como fios dourados de uma cortina, esvoaçava, livre, ao sabor do vento, teimando encobri-la, então, desprezando, por um instante, toda a beleza da moldura, me concentrei na luz que se via através dela, embora não pudesse ver ao longe, era como admirar a via láctea, vista do céu límpido de um deserto, onde toda aquela infinita grandeza parecia fixada no teto, ao alcance da mão, mas ainda que pudesse ver, tão próximo, à distância de um sussurro, todas as formas e cores estavam cobertas de névoa, não dá cortina, mas da minha própria limitação e ignorância. A única coisa que me assustava é que, certamente, me perderia naquela imensidão e, realmente, me perdi, assim que ela, percebendo, cerrou os olhos.