Há um peso que o corpo guarda,... Gabriela Moda Lourenço
Há um peso que o corpo guarda,
invisível ao olhar,
uma dor que ecoa surda,
mas grita por dentro sem cessar.
Há um grito preso no peito,
que ninguém ouve, ninguém vê.
Carrego no corpo o peso do mundo,
mas nos lábios só há um "tudo bem".
Carrego universos calados,
como ondas que não se apagam.
A dor pulsa em segredo,
uma guerra que o silêncio abafa.
As noites me abraçam frias,
com o medo sussurrando ao pé da alma,
e o peito aperta, sem aviso,
um tremor que rouba a calma.
O medo é meu companheiro noturno,
sussurra segredos de um amanhã incerto.
Me envolve em seu abraço gélido,
enquanto o coração corre sem destino.
Há a dor que o físico desenha,
agulhas dançando sob a pele,
e a outra, a que ninguém entende,
aquela que nos faz frágeis e rebeldes.
Ansiedade veste meu dia de sombra,
cada suspiro é um nó desfeito à força.
E mesmo assim, não permito vazão,
pois preocupar alguém seria traição.
Sei que sorrio por hábito,
mas o riso é um espelho gasto,
refletindo quem quero ser
e escondendo quem de fato sou no rastro.
Quem veria, além da máscara firme,
os olhos marejados de cansaço?
Quem ouviria, além do sorriso ensaiado,
o eco de um "socorro" abafado?
Não quero preocupar ninguém,
meu caos não deve pesar no outro.
Mas às vezes, só às vezes,
desejo que alguém veja o sufoco.
Mas às vezes, só às vezes,
eu desejo um olhar que desvende,
um abraço que sustente o peso,
e um espaço onde eu possa ser só eu.
Enquanto isso, sigo em silêncio,
construindo força das minhas ruínas.
Cada lágrima não chorada,
é um grão na areia de quem eu sou.