⁠Eu errei… Duas palavras pequenas,... Claudinei Ferreira Soares

⁠Eu errei… Duas palavras pequenas, mas tão pesadas que parecem não caber na boca. Difícil de dizer… quase impossível de engolir. Mas talvez, meu maior erro… Não... Frase de Claudinei Ferreira Soares.

⁠Eu errei…
Duas palavras pequenas, mas tão pesadas que parecem não caber na boca.
Difícil de dizer… quase impossível de engolir.

Mas talvez, meu maior erro…
Não tenha sido tropeçar,
E sim achar que nunca cairia.
Acreditar — tolo que fui —
Que a razão sempre dormia do meu lado da cama.

Fui ajuntando certezas
Como quem coleciona medalhas de um campeonato que ninguém mais quis jogar.
E nesse desfile de convicções,
Esqueci que o orgulho é sempre o ensaio da queda.

Porque quem pensa estar de pé
Deveria, ao menos, aprender a vigiar.

Há um preço em querer estar sempre certo.
E, às vezes, esse preço é alto demais.
Chama-se solidão.

Na sede de vencer discussões,
Perdi algo que pesava muito mais que qualquer argumento:
As pessoas.

Quantos lares, quantos abraços, quantas amizades…
Despedaçadas, não por grandes pecados,
Mas por pequenas vaidades,
Por muralhas erguidas onde poderiam florescer pontes.

Ah, o orgulho de quem nunca erra!
Ele não grita, mas constrói cárceres,
Isola, afasta, esfria.

E a certeza cega —
Essa danada — sufoca a humildade,
Fecha os olhos para tudo que ainda poderíamos aprender,
Se ao menos ouvíssemos…
Se ao menos calássemos.

No desespero de provar que sei,
Desaprendi a escutar.
Na ânsia de estar sempre certo,
Perdi pedaços de mim —
E já não era inteiro.

Nem toda vitória é vitória.
Às vezes, vencer é saber perder…
Perder o orgulho, para salvar o essencial.

Afinal, a verdade não precisa berrar.
Ela é forte o suficiente para permanecer em pé,
Mesmo quando se cala.

Vencer…
Às vezes é ceder.
Amar…
É aceitar que nem tudo precisa ser provado.

E, no final da história —
Quando os debates forem apenas eco nas paredes vazias —
A pergunta vai soar, simples, brutal e libertadora:

Você quer ter razão? Ou quer ter paz?

Porque no fim…
Não serão as vitórias que contarão.
Mas os vínculos…
Aqueles que resistiram ao fogo,
Aos ventos,
À tempestade,
E continuaram ali — firmes, de mãos dadas,
Escolhendo o amor, sempre.