⁠"Onde descansam os sonhos e... Rô Montano

⁠"Onde descansam os sonhos e cantam os passarinhos" Descansam os sonhos onde não há forma. Onde o silêncio tem corpo e respira. Onde o mundo não exige... Frase de Rô Montano.

⁠"Onde descansam os sonhos e cantam os passarinhos"

Descansam os sonhos onde não há forma.
Onde o silêncio tem corpo e respira.
Onde o mundo não exige nome, nem explicação, nem fim.
Ali, naquela fresta entre um pensamento e outro,
os sonhos se deitam — exaustos da lógica —
e adormecem no colo da intuição.

É lá que eles existem de verdade:
sem o peso da realização,
sem o fardo da espera.
São sonhos livres, sem pressa de acontecer.
E talvez nunca aconteçam.
Mas isso não importa,
porque ali, naquele repouso invisível,
eles já são inteiros.

Os passarinhos não cantam só por alegria.
Cantar, para eles, é necessidade,
é o modo como atravessam o mundo
sem se tornarem pesados.
Cantar é sobreviver à existência.
E, quando cantam, desarrumam o ar,
quebram o tempo,
incomodam a rotina das pedras.

Os sonhos descansam no mesmo lugar
onde os passarinhos cantam:
num espaço que não se vê, mas se sente.
Um espaço que mora dentro da gente —
mas que só se revela quando a gente para.

Para de correr, de entender, de ter.
E apenas sente.

É aí que tudo acontece:
onde a vida não é vida como conhecemos,
mas é mais viva do que tudo.
Onde não há promessas,
mas há presença.
Onde não há certezas,
mas há fé.

E talvez esse seja o verdadeiro lugar dos sonhos:
não na realização,
mas na liberdade de serem o que são.
Como os passarinhos,
que não precisam explicar seu canto
para que ele transforme o mundo.