AÍNDA BEM QUE NÃO SOMOS TODOS... Rosário Bissueque

AÍNDA BEM QUE NÃO SOMOS TODOS
Você já imaginou se todos fôssemos apenas turistas?
Só escolheríamos mostrar as partes boas, as paisagens perfeitas, os sorrisos fáceis. Não falaríamos do mendigo que, pela fome, é agredido no mercado por tentar levar um pedaço de carne.
Esconderíamos as estradas mal feitas, que não chegam onde deveriam, e as doenças que os hospitais não conseguem curar, apesar dos esforços. Focaríamos nas praças brilhantes e nos monumentos grandiosos, mas jamais mostraríamos as sombras, os cantos esquecidos, as lutas diárias de quem vive nas margens.
Ainda bem que não somos todos.
Porque como turistas, deixaria de ser nossa missão contar a verdade crua, de expor as feridas da sociedade. Mas é justamente dessas feridas que vem o real aprendizado, a verdadeira transformação. Somos todos, no fundo, mais do que turistas. Somos habitantes, parte de um todo que precisa enxergar além do óbvio, compreender a dor para poder mudar.