Quão insondáveis são as riquezas... Samuel L. S. Dantas

Quão insondáveis são as riquezas que habitam no coração daquele que domina a indignação e transfigura o ódio em consciência. Não por altruísmo ingênuo, mas por força — pois ajudar o necessitado sem poder é ferir-se duas vezes: uma por impotência, outra por lucidez.
O homem é consciência, e consciência é um cárcere: querer o bem ao outro não lhe garante sabedoria, pois decidir por ele é usurpar sua vontade. Ter uma rotina digna de um vencedor não me faz superior ao viciado derrotado; apenas significa que colho melhor por semear com mais força.
Vejo, porém, os que desejam justiça com as próprias mãos como filhos da fraqueza moral. Vingar-se de um criminoso é fácil; difícil seria transmutar sua natureza. Mas eis o abismo: o homem maldito prefere destruir a construir, pois criar exige força, e destruir é sempre um ato de fraqueza disfarçada de poder.