Nem toda letra vira música, mas toda... Lenini.reis

Nem toda letra vira música, mas toda dor vira verso.
O silêncio, quando canta, é mais profundo que o universo.
A verdade mora no que se esconde entre as linhas,
Nos vazios que a voz não preenche, mas ilumina.
A gente vai, tropeça, sangra, aprende —
Cada queda, um mapa; cada erro, um norte.
E mesmo quando a noite pesa no peito,
Amanhece. Sempre. O sol se põe no nosso jeito.
A dor? Só o primeiro acorde.
O amor? O refrão que insiste e reverbera.
Pronto pro beijo, pro abraço, pro recomeço,
Porque a vida é um disco riscado que gira no mesmo preceito.
Fantasia de novo, sem porquês, sem escalas:
Os sonhos não pedem licença, rompem as muralhas.
O medo é só tinta escura num quadro em branco —
Apago, recomeço. Tudo se refaz. Tudo é tanto.
O tempo não é linha — é espiral.
Cada volta traz a mesma estrela com luz diferente.
A estrada dobra, mas não some:
Ela é a cicatriz que virou ponte.
E quando o caminho parecer só incerteza,
Lembre: até o deserto guarda o eco de uma prece.
O que nos faz humanos é a fissura, não a perfeição —
O amor que racha, mas nunca perde a canção.
A dor é só o começo.
O abraço? O verso que se alonga no peito.
Fantasia outra vez, sem medo de ser brecha:
Os sonhos são asas. O resto? Só trincheira.
Tudo se refaz.
Tudo se refaz.