De um instante ao outro, tudo... Wanderson Moura
De um instante ao outro, tudo paralisou.
Era como se o mundo parasse e o tempo fosse visto lentamente, não se ouvia nada além de um sussurro ao fundo, como quando colocamos uma caixa sobre o som.
Visão turva, aos poucos se alinhavam, coração que não costuma-se ouvir, aos gritos pulava feito um almirante, adrenalina ao sangue fez-me dilatar a pupila.
Mãos trêmulas perdem o sentido, linhas tortas formam-se sob sua direção, palavras me faltam, apenas pequenos espaços ditos distorcem o ar, outros espaços faltantes permanecem ao alento.
Sobre um foco direcionado pude avistar o que parecia ser um rosto, certamente era um rosto.
Seus olhos pequenos e levemente puxados, por milésimos de instantes se contraiam, quase se fechando.
Junto a eles, seus lábios se retorciam mostrando parcialmente seus dentes, movia-se lentamente a boca, formando palavras sobre o vento.
Não podia ouvir, como poderia ouvir se os meus pés não podiam tocar o chão?
Estranha sensação de poder voar sobre as nuvens...
Com certo foco conseguir avistar bem, rosto conhecido, deveras conhecia bem.
Por que só agora pude sentir?
Pele morena, porém, clara, cabelos lisos e traços leves, sua delicadeza me encantou.
Como não se encantar, por que não se encantar?
Ela, apenas ela, por que não ela...
Imaginem-me com planos futuros, precipitados, prováveis.
Seria errado sentir? Por que não sentir, não queria parar de sentir..
Não sentira o mesmo com tamanha intensidade há tanto tempo...
Acho que o mais errado seria não se permitir sentir