O cão arrependido Volta o cão... Gustavo Gonsalves
O cão arrependido
Volta o cão arrependido, com o olhar desolado, Pelos caminhos sombrios, por onde foi abandonado.
Volta o cão arrependido
Seu coração foi partido, machucado pela ingratidão, Lhe escorre o sangue raso, mantida aberração...
Volta o cão arrependido
Caminha com passos lentos, rastejando, Na busca de um abrigo, de uma mão que lhe ampara, De um pouco de água ou um simples sorriso
Volta o cão arrependido
Seus olhos profundos e vazios, refletem a dor que carrega, Mais também a esperança do amor jamais correspondido
Volta o cão arrependido
Buscando o afeto que nunca conheceu, Por erros que nem cometeu, mas que lhe atribuíram seu véu. Na solidão da noite, uiva melancolicamente, Procurando um sinal de esperança, de amor verdadeiro e iminente.
A cada passo, a cada ferida, seu coração se contrai, A maldade humana, a indiferença, o deixaram em caos e desmaio. E mesmo assim, ainda abana o rabo, ansiando por afeto, Poças de lágrimas o acompanham, num triste e eterno lamento.