Houve um tempo, quem sabe você se... Marcelo Correia

Houve um tempo, quem sabe você se recorda, em que a vida era inteiramente sua. Só sua. Mas, como folhas carregadas pelo vento, você se perdeu nas curvas sinuosa... Frase de Marcelo Correia.

Houve um tempo, quem sabe você se recorda, em que a vida era inteiramente sua. Só sua. Mas, como folhas carregadas pelo vento, você se perdeu nas curvas sinuosas do caminho. Deixou-se levar pelos desejos dos outros, pelas expectativas alheias, e sua própria voz, antes tão clara e vibrante, foi ficando em silêncio.

No começo, as concessões eram pequenas, quase invisíveis. "Faça isso por mim", "Você poderia tentar aquilo?". E você, de coração aberto e generoso, aceitou. Cada passo em direção ao que não era seu fez com que deixasse partes de si pelo caminho, pedaços que, quando juntos, formavam a essência do seu ser.

Um dia, ao se olhar no espelho, a imagem refletida era estranha. Onde estava aquele brilho nos olhos? Aquela paixão que iluminava seus dias e aquecia suas noites? Ah, a saudade de si mesmo! Saudade de um tempo em que as risadas eram autênticas, os sonhos eram altos e as esperanças, infinitas.

Você se lembra? Houve uma época em que os risos ecoavam e os sonhos floresciam. Aquela época era sua. Agora, parece coberta por sombras, a alegria murchou, e os risos se tornaram ecos distantes. É triste perceber que, ao viver a vida dos outros, você esqueceu de viver a sua própria.
Mas nem tudo está perdido. A vida é como uma ampulheta, onde cada grão de areia representa um momento, uma escolha, uma lembrança. E se cada grão que caiu não pode ser recuperado, sempre existe o presente, o aqui e agora, para ser vivido com autenticidade.

Comece a juntar os pedaços deixados pelo caminho. Reconheça suas próprias vontades, seus desejos, suas necessidades. Redescubra sua essência e comece a cuidar de si novamente. Remova as ervas daninhas da conformidade, plante novas sementes de esperança, regue com suas lágrimas e adube com suas risadas. Deixe que o sol da sua autenticidade brilhe outra vez.

Lembre-se, viver a vida que é sua não é egoísmo. É um ato de coragem, de amor próprio. É redescobrir aquela criança que sonhava sem limites, que acreditava no impossível, que via beleza em cada canto. É permitir-se ser, plenamente, o que sempre foi destinado a ser: você mesmo.

E ao final dessa jornada de reencontro, quando olhar para trás, verá que a saudade de si mesmo foi o impulso necessário para redescobrir a beleza da sua própria essência. E perceberá que a vida, afinal, é uma poesia escrita com cada batida do seu coração, cada suspiro da sua alma. E essa poesia, é única e incomparável.