⁠Overdose - (o Corpo entre o... Ricardo Maria Louro

⁠Overdose - (o Corpo entre o "demónio e a Alma" ) Abre-se uma estranha porta ao desconhecido ... um infinito de punhais, um demónio sem rosto. Algo en... Frase de Ricardo Maria Louro.

⁠Overdose -
(o Corpo entre o "demónio e a Alma" )

Abre-se uma estranha porta ao desconhecido ... um infinito de punhais, um demónio sem rosto.
Algo entra - profundo, intenso, poderoso, dominador.
A Alma humana é empurrada a um precipício de trevas internas angustiantes. Desce-se aos infernos da psiqué num continuado estado de permanência, um purgatório interior que sufoca, controla, manipula, por tempo indeterminado.
Uma dificil luta interior entre esse estranho que se instala e nós próprios que queremos, exigimos o corpo de volta.
É ser caçado dentro de nós mesmos sem ter meio de fuga. Só a força interior nos pode proteger, a fé e a vontade de voltar a ter "a casa" de volta e expulsar o invasor.
E nessa batalha travada no corpo evidenciam-se o demónio e a Alma.
A eterna luta entre o Bem e o mal. Aproximam-se Seres. Alguns querem proteger-te outros querem ter oportunidade de tomar-te o corpo também.
E tu, ali estás, como um vidro partido, parado a meio tempo, estático, diminuido, num passo de impasse sem saber o teu destino ... rezando ... porque parte de ti está consciente mas a outra já foi tomada.
É um medir de forças injusto e doloroso. Altera-se a percepção da realidade. Há paranóias, alucinações, desorientações sem espaço nem tempo, estados de pânico continuos e progressivos. A ansiedade parece lentamente diminuir ... mas volta sem piedade.
E há náusias, vómitos, tonturas, não te sentes nem te vês.
Uma espiral que ora sobe, ora desce, conforme a tua força interior sobe para a tua fuga e desce para te enterrar. Um vai e vem onde a meio da luta a tua já pouca humanidade consciente te traz à parte do cérebro que pouco dominas, imagens, histórias, pessoas, vivências, sonhos, planos, saudades dos mortos, medo de perder os vivos, é um quase descontrolo que o outro lado te gera pelo medo, pela ângustia, pela ansiedade.
E é aí nesse limbo que te situas!
Não adormeças, não podes adormecer, não deixes que "ele" te convença que adormecendo vai passar, é mentira, se adormeceres "ele toma-te", todo, por inteiro.
E a questão não é se acordas, mas sim, como acordas.
Podes nunca mais voltar a ser o mesmo.
Enfrenta-o, sê tu, determinado a deteres o teu corpo de novo mas verás que nada voltará a ser como foi. Não serás o mesmo mas serás mais forte ...