"Ao sermos mal-interpretados por... Sidney Silveira
"Ao sermos mal-interpretados por amigos, é razoável a presunção de que não fomos suficientemente claros, pois nem a boa vontade deles para conosco evitou o seu equívoco quanto à nossa intenção. Ao sermos mal-interpretados por falsos amigos, é razoável a presunção de que fomos claros e a malícia deles turvou-lhes o juízo, a ponto de distorcerem a nossa intenção. Ao sermos mal-interpretados por inimigos declarados, é razoável a presunção de que fomos claros, eles compreenderam relativamente bem os nossos motivos, porém não os suportam.
Um amigo pode errar mesmo julgando-nos com benevolência; um falso amigo erra sempre julgando-nos com inveja; e um inimigo declarado, julgando-nos com ódio. Nestes três casos, ainda que o erro seja o mesmo, as distintas motivações mudam a natureza moral do juízo equivocado.
As conseqüências também são diversas: a genuína amizade quando erra apenas arranha, e traz consigo pensos para fazer o curativo, se necessário; a inveja quando erra difama; e o ódio mente.
Estes dois ultimos costumam aumentar a ferida que causaram".