Um sabiá cantava tão lindo que até... Culino
Um sabiá cantava tão lindo que até as laranjeiras pareciam sentir a melodia.
No mesmo ambiente, um urubu invejoso, covarde, mentiroso, queixa-se:
— Mal abre o bico este passarinho e o mundo o admira. Eu, entretanto, sou um espantalho que todos fogem com repugnância... Se ele chega, tudo se alegra; se eu aproximo, todos recuam... Ele, dizem, traz felicidade; eu, mau agouro... A natureza foi injusta e cruel comigo. Mas está em mim corrigir a natureza.
Pensando assim, aproximou-se do sabiá, que ao vê-lo armou as asas para a fuga.
Logo tentou dar-lhe uma bicada.
Indaga o passarinho:
— Que mal fiz eu para merecer tanta ferocidade?
— Que mal fez? É boa! Cantou..., cantou!
Ter talento: eis seu crime!