Off-line Era uma segunda feira, o... Júnior Oliveira
Off-line
Era uma segunda feira, o dia começou sem surpresas, não havia noticias que abalassem a vida cotidiana.
De repente, pessoas começaram a se importar com tudo que estava a sua volta, e a expressão verbal se tornou algo dominante.
Nosso tempo começou a render, sobrou o bastante para tarefas importantes. Nas repartições, conversas, risadas e sussuros tomava conta do silêncio habitual.
O comportamento na hora do almoço, era no minimo surreal, não havia pessoas isoladas, todas prestavam atenção nas falas da mesa onde estavam.
A janta não foi diferente, familias unidas e "gente conversando com gente" não havia abreviação do vocábulo, mas tinha muito olho no olho e sorrisos bem aparentes.
Conversas Foram colocadas em dia, e muitas tarefas adiadas, até as que estavam esquecidas, foram lembradas e muitas concluidas.
O fato que mobilizou toda essa história, foi a paralização daquilo que muito nos domina, certamente quando voltar a funcionar, muitas dessas coisas irá paralisar.
O dia que as redes sociais saíram do ar, foi um dia Off-line, as coisas voltaram ao normal, pois aquilo que conectava pessoas distantes, separava as de perto.
Mães conversavam com seus bebês, em vez de lhe entregar uma tela, lhes davam atenção.
Casais, com as mãos livres, e olhos desocupados, desfrutavam da companhia um do outro, faziam e retribuíam carícias, sem se preocuparem com o tempo que passava.
Livros impressos eram lidos, cadernos preenchidos por poemas, literatura e sonhos.
O mundo colorido das telas, fez um exército de sedentários. Cheio de amigos desconhecidos, a liberdade se limita às paredes de suas casas.
Fundou a geração que conhece o planeta, estrelas e lua, mas não conhece nada de seu bairro
Saudades do mundo Off-line, onde a fala era mais usada que a escrita, onde existiam poucos amigos, mas todos conhecidos, onde estar junto não era apenas compartilhar o mesmo espaço.