Os Filhos São as Folhas Os filhos são... Sibéle Cristina Garcia
Os Filhos São as Folhas
Os filhos são folhas que se aventuram no vento. Parecem frágeis, mas guardam uma força que a gente subestima, até ver que resistem a tantas tempestades. Os pais, como galhos, são suporte; mesmo com medo de quebrar, mantêm-se firmes, entregando-se ao peso, ao balanço dos dias. E os avós, ah, esses são as raízes – profundos, invisíveis, segurando toda essa árvore de pé, nutrindo as folhas que nem sempre os enxergam.
Mas, como manter essa conexão quando o tempo insiste em afastar? Como preservar a origem, honrar o que veio antes? Talvez a resposta seja uma só: ensinando saudade. Saudade é uma memória com perfume, é presença quando não há mais presença. É o segredo que se passa de geração em geração para que nenhum galho se esqueça das raízes que o sustentam.
Ensinar saudade não é fácil. É uma arte, quase uma travessura. A gente ensina saudade pelos detalhes: no bolo que o neto aprende a fazer com a avó, no cheiro do café da manhã, no jeito de contar uma história ou de dobrar uma roupa. É a saudade que faz um filho se lembrar dos pais, dos avós, das histórias que o fazem sentir-se parte de algo maior. É ela que cria laços que o vento não leva.
Porque um dia as folhas voam para longe, e os galhos perdem o viço, mas as raízes permanecem. Estão fincadas, fundas, prendendo tudo o que é importante. Preservar a origem é deixar que a saudade faça o seu trabalho – que carregue o peso da história e espalhe o perfume da lembrança, sempre que o vento tentar arrancar nossas folhas.
✍🏼Sibéle Cristina Garcia
Encorajadora da Liberdade Feminina