Eu saí naquela noite sem... Samia Bemvindo
Eu saí naquela noite sem guarda-chuva,
sentindo as gotas da chuva deslizar sobre o rosto,
uma dança fria e sincera que me tocava mais
do que as palavras vazias que insistem em rondar.
Naquela noite, antes de dormir, chorei.
Chorei por mentiras que se fantasiam de verdades,
por promessas que nunca tiveram alicerce,
e por mim, que quis acreditar no impossível.
A verdade? Ah, ela é crua e profunda.
Eu não sei viver no raso, não sei me poupar.
Eu me entrego, mergulho, quero sentir o momento,
enquanto tantos apenas buscam o efêmero prazer.
Por isso, não me mande mensagens sem a intenção de ficar.
Não me procure se o seu coração for passageiro.
Deixe-me viver meus momentos de alegria,
mesmo que sozinha, pois prefiro a plenitude do real
ao vazio de uma presença que nunca quis ficar.