O único de cada amor Quantas vezes... Samia Lourena
O único de cada amor
Quantas vezes amamos, quantas vidas em uma só
carregamos, amores que vieram, que foram,
que pensamos eternos e completos,
únicos como a primeira luz da manhã.
Cada vez acreditamos, com fervor sereno,
que aquele era o mais puro amor que existia,
como se o mundo coubesse apenas naqueles olhos,
naquela voz, na mão que segurava a nossa.
Mas então vem o tempo, que dobra esquinas,
que dissolve promessas, apaga contornos,
e abre espaço no peito, já marcado e ainda fértil,
para um novo rosto, uma nova chama.
E cada vez nos entregamos, ainda inteiros,
ainda crentes, com os olhos fechados e o coração aberto,
como se amar fosse sempre pela primeira vez,
uma história escrita sem sombra de passado.
Assim seguimos, de amor em amor,
como quem atravessa oceanos sem mapa,
sabendo que a cada encontro
a profundidade muda, a cor das águas se altera.
Amamos e acreditamos, deixamos partir e renascemos,
e a cada novo começo,
o amor surge imenso, inesperado,
como se sempre fosse, de novo, o único.