Ah, que alegria é falar do Nordeste,... Abraham Schneersohn
Ah, que alegria é falar do Nordeste,
Onde o sol nasce com alma agreste,
Um pedaço do Brasil tão pulsante,
Terra de gente valente e constante.
Das praias às serras, da caatinga ao sertão,
O Nordeste é canção que ecoa no coração,
Com o toque da sanfona em Luiz Gonzaga,
E o xote que o corpo a dançar embriaga.
“Sou filho das secas, sou forte, sou bravo,
Não temo o trabalho, sou rei do meu lar,”
Assim disse Patativa em seu canto mago,
E eu repito com o peito a vibrar.
Lampião, o rei do cangaço, corajoso e astuto,
Carregou no peito um Brasil impoluto,
Maria Bonita, ao seu lado, guerreira também,
Mostraram que o amor floresce no além.
Nas lendas que correm pelo vento ligeiro,
O Saci se esconde no mato inteiro,
E a Iara, encantada, nos rios a cantar,
Enquanto a Mãe D’Água faz o mar ondular.
“Vozes da seca”, ecoa o clamor,
Do nordestino que enfrenta a dor,
Como na poesia de João Cabral, o sertanejo,
É antes de tudo, um forte, que enfrenta o desejo.
Na festa junina, fogueira que arde,
Em cada quadrilha, um pedaço de saudade.
As fitas, os risos, a roupa de chita,
Mostram que o Nordeste nunca se agita… ele vibra, ele grita!
E não há como esquecer o cordel encantado,
Com versos rimados, o povo é cantado,
“A poesia é minha sina,
Sou de lá da Paraíba,” disse Leandro Gomes,
E o cordel floresce, raízes profundas em seus nomes.
Seja em Olinda, nos seus altos carnavais,
Ou nas ladeiras do Pelô, ancestrais,
O Nordeste é magia, força e tradição,
Que pulsa vibrante em cada canção.
“Ai que saudade d’ocê”, diz Elba, rasgando o peito,
Com saudade de casa, do amor perfeito,
No canto que embala o povo guerreiro,
Do sertão ao litoral, coração verdadeiro.
Viva o cabra que não se rende à seca,
Que faz da palma e do cacto sua reza profética,
Viva o Nordeste, onde a cultura é raiz,
Ser nordestino é, por si só, ser feliz!
Então, se alguém perguntar de onde sou,
Com o peito estufado, respondo, sem pudor:
“Sou do Nordeste, meu irmão, não me julgue à toa,
Aqui é força, amor e a luta boa!”