⁠Após a explosão, o caos emergiu... Matheus Hachem

⁠Após a explosão, o caos emergiu como uma onda imparável. O som das vozes, o lamento, o desespero, tudo se entrelaçava em uma sinfonia descontrolada. Cada grito... Frase de Matheus Hachem.

⁠Após a explosão, o caos emergiu como uma onda imparável. O som das vozes, o lamento, o desespero, tudo se entrelaçava em uma sinfonia descontrolada. Cada grito carregava o peso de mil perguntas, a busca incessante por um motivo, por uma explicação que nunca viria. O ar estava saturado de dor, de desespero, de uma humanidade à beira da fragmentação. E, então, como se o universo decidisse segurar o fôlego, tudo parou.
O silêncio não trouxe paz. Ele não foi um alívio esperado, mas uma presença avassaladora, como se engolisse tudo o que restava daquilo que chamamos de ser. O vazio se instaurou, mais profundo que qualquer grito. E dentro dele, a alma tremia. Um silêncio que era mais forte do que o som das vozes – que, paradoxalmente, gritou mais alto que o próprio barulho.
Eu tentei buscar algo dentro de mim. Um eco de emoção, uma fagulha de esperança, mas não encontrei nada. Minha própria voz, aquela que sempre me acompanhou, desapareceu. Por mais que eu tentasse gritar, era como se a conexão entre o corpo e a alma houvesse sido cortada. Não havia som, não havia choro, não havia riso.
O que é o ser sem emoção? O que somos quando não podemos mais sentir, sonhar, realizar? A resposta para essas perguntas não está na filosofia, mas no coração de quem já atravessou esse abismo. Um corpo sem alma, um receptáculo vazio, não é mais um ser. É um objeto que vaga, privado daquilo que o torna humano.
E nessa imobilidade, algo se revelou: o medo. Não o medo comum, mas o terror de perceber que a alegria, a tristeza, a esperança – tudo aquilo que um dia encheu a vida de sentido – não voltaria mais. Não importa o que aconteça, o vazio dentro de mim é irrevogável. Aquilo que um dia me preencheu, que me fez existir em plenitude, agora é apenas uma memória distante.
E assim, o corpo segue. Um fragmento do que já foi, uma sombra pálida de vida. Porque, quando tudo o que restou é um vazio que nunca será preenchido novamente, talvez o que realmente resta é aceitar esse abismo e, dentro dele, reencontrar o eco de uma alma perdida.