"Meus ovos estão cheios de... Joseph Stalin
"Meus ovos estão cheios de leite."
Imagine que cada ovo seja uma pequena unidade de potencial, uma semente de possibilidades infinitas. O leite, por sua vez, representa o esforço, o trabalho e o capital intelectual que é derramado naquilo que, à primeira vista, parece limitado e frágil — mas na verdade contém em si o poder de transformação. A questão, porém, é que nem todos os ovos têm a mesma quantidade de leite. Alguns transbordam, enquanto outros estão praticamente secos.
Agora pense nos ovos como uma metáfora para os indivíduos em uma sociedade de mercado. Cada pessoa tem dentro de si um "ovo" de potencial, mas a quantidade de leite, que seria o investimento social, educacional e emocional, varia drasticamente. Na teoria liberal idealista, todos os ovos deveriam ter a mesma quantidade de leite, pois, no mercado perfeito, cada indivíduo começa com as mesmas condições. No entanto, quando observamos a realidade, o "leite" é distribuído de maneira desigual. Alguns ovos recebem leite das gerações passadas, enquanto outros são deixados a se quebrar sem jamais serem cheios.
Ainda assim, mesmo com essa distribuição desigual de leite, espera-se que todos os ovos quebrem ao mesmo tempo, na mesma direção, com a mesma intensidade, como se o mercado fosse um processo natural que equalizaria os desníveis. Entretanto, sabemos que, na prática, a casca de um ovo não é tão resistente quanto parece. Aqueles que transbordam de leite têm uma pressão interna maior, o que os coloca em vantagem; eles podem explodir em mil possibilidades, enquanto outros se esgotam antes mesmo de rachar.
Portanto, "meus ovos estão cheios de leite" representa, em última instância, o paradoxo do mercado ideal: mesmo quando se está cheio de recursos, transbordando de potencial, ainda há a expectativa de que todos competirão de igual para igual, como se o peso do leite não fizesse diferença.