O velho (versão II) Quis depor... Hidely Fratini
O velho
(versão II)
Quis depor dentro de mim, mas impossível
Não cabia dentro de mim um juiz,
Mas um dia coube o meu eu, tão orgulhoso!
Os meus defeitos continuaram sãos por muito tempo
As minhas mãos, aniquiladas pelo perdão que nunca veio
O bolor tomou conta de toda a minha pele.
Envelheci...
Mais caduco era antes com aqueles risos falsos
Hoje, orgulho-me de não ser nada e falar claro.
Muitas vezes sou criança e todos correm atrás de mim
Falo do mundo, xingo, brigo com os gatos!
Mas que importa? Sou um velho sincero como tantos.
Às vezes paro numa época da vida
Lembro-me dos filhos, colho flores
Procuro a namorada que antes me acariciava...
Sinto seus beijos e suas mãos em meus cabelos.
Sou um velho rabugento e espero passar o tempo
Aguardo a morte e vejo minha eterna namorado me acenando
Ralho com os mortos, pois é mais perto deles que me encontro agora.
abril/ 1971