Insistentemente vivo Como a brisa que... Ruisdael Maia
Insistentemente vivo
Como a brisa que passa,
E a chama que se apaga,
Sinto minha essência se esvaindo,
O tempo, cada vez mais curto,
Tudo que me resta é a vida.
Tentei nela,
Tentei resistir a ela,
Mas a vida, em mim, insiste.
Corre em meu peito,
Como um rio que não seca,
Mesmo quando a maré parece recuar.
Em cada suspiro, há um eco distante,
Uma promessa não dita,
De que, apesar do fim iminente,
A vida, teimosa e incessante,
Segue, como quem não quer partir.
Como se fosse imortal,
a morte não me alcança,
Mesmo olhando,
dia após dia, nos olhos dela.
Contemplo a beleza do fim,
sem nunca a encontrar.
Sou como aquele cuja alma clama por descanso,
Mas Deus, em Sua ironia divina, me nega essa paz,
E, em vez disso, vida, e mais vida.
Vivo agora sabendo que poderia ir,
Mas permaneço, sem medo, sem censura.
Respeito apenas aquilo que, de fato, me faz sorrir.
Tudo o que antes era sombra agora é como correr no escuro,
E a vida que outrora não desejava, transborda em mim.
Uma promessa que o tempo sussurra baixinho,
E assim, danço à beira do abismo,
Sem mais temer a queda,
Mas celebrando a leveza do voo.
Se a morte não me acolhe,
Que seja então a vida,
Com tudo o que ela tem a oferecer,
Até que eu me perca no riso,
E, por fim, o destino me abrace.
Ruisdael Maia