⁠Menina Ana e suas divagações Era... Hidely Fratini

⁠Menina Ana e suas divagações Era dia de sol forte. De repente, o tempo fechou e a chuva caiu, tão intensa, que lavou o corpo da menina que caminhava pelas ruas... Frase de Hidely Fratini.

⁠Menina Ana e suas divagações

Era dia de sol forte.
De repente, o tempo fechou e a chuva caiu, tão intensa, que lavou o corpo da menina que caminhava pelas ruas de seu bairro.
A água levou tristezas e decepções de um coração que mal sabia das ruindades das pessoas - próximas ou distantes.
Ainda ingênua - característica que nunca deixou seu ser -, Ana acreditava em todo mundo. Ouvia os lamentos das amigas, enxergava os preconceitos, corria a dar a mão às rejeitadas.
Acompanhava de longe as órfãs do internato que limpavam, lavavam, cozinhavam; que choravam, riam... riam muito também, e brincavam com suas bonecas imaginárias.
Ana nunca falava de si, de seu mundo de segredos e mistérios. Na verdade, não tinha consciência dessas coisas... Vivia seu dia a dia sem saber, ao certo, quem era.
Era ingênua, boa ouvinte e observadora...
Certo dia, depois daquela tempestade desabar em cima dela, Ana resolveu partir para nunca mais voltar.
Pegou uma folha de seu caderno...
Rabiscou umas palavras no papel: "Estou indo embora para sempre.Adeus!"
Fixou a folha com um arame na maçaneta do portão que dava para a rua.
Abriu o portão e saiu com a bolsa da escola a tiracolo.
Mal saiu à rua, a visão turvou-se...
O mundo apresentou-se tão vasto e sem limites que Ana esqueceu de si, do bilhete e da sua vida de mistérios.
Seguiu direto para o colégio.
Aguardaria dias melhores para fugir!
outubro/2021