⁠A menina que falava muito (Tributo à... Hidely Fratini

⁠A menina que falava muito (Tributo à vovó Maria) Da série "contos curtos" Quando criança, Rosina falava demais O que será que ela encobria ou escondi... Frase de Hidely Fratini.

⁠A menina que falava muito (Tributo à vovó Maria)
Da série "contos curtos"

Quando criança, Rosina falava demais
O que será que ela encobria ou escondia? Talvez nada de nada, somente a curiosidade a guiasse...
Emendava um assunto no outro, sem dar trégua à língua.
Certo dia, bem mais crescidinha, já na faixa dos 12 anos, foi revisitar a vovó Maria na antiga casa da Rua Paulo Barbosa, no Ipiranga.
Toda faceira ao lado de sua vó, a menina - agora bem maior de tamanho -, foi visitar a vizinha Norma, a portuguesa carioca.
Ao ver a menina, Norma não se conteve e falou, quase num grito de encantamento - ou de horror:
__ Mâria, esta é aquela gaja, sua netinha, que quando vinha à sua casa falava muito? Aquela que não parava nunca de falar? A escutava do meu quintal...
Ninguém se constrangeu com a fala de Norma, que não tinha " papas na língua" - como se dizia...
E a avó, rindo, respondeu:
__ Pois é, Norma, é aquela menina mesmo. Agora ela fala menos porque passou a ler muito e a escrever mais do que falar!
Assim cresceu aquela menina dos cabelos pretos e lisos em que os grampos teimavam em escorregar da cabeça: também sem “papas na língua”! Ops, sem "papas" nas escritas!
Por que será?
Porque cresceu ao lado de uma sábia avó analfabeta das letras, mas que sempre se admirou e aceitou as novidades e descobertas do mundo. Julgando menos e aceitando mais as pessoas!
junho/2024