⁠Chegou o Outono, o Sol continua a sua... António Prates

⁠Chegou o Outono, o Sol continua a sua longa caminhada pelas treze constelações do zodíaco e foi precisamente hoje, por volta da uma e meia da tarde, que se deu... Frase de António Prates.

⁠Chegou o Outono, o Sol continua a sua longa caminhada pelas treze constelações do zodíaco e foi precisamente hoje, por volta da uma e meia da tarde, que se deu mais um equinócio, no meio de tantos outros milhões de equinócios que esta Terra já deu e que, naturalmente continuará a dar. Enquanto isto, penso eu aqui dos confins do universo e de Borba, buscamos constantemente a felicidade e queremos conquistar sempre acessórios, tralhas e bugigangas, de todas as formas e de todos os feitios, que supostamente nos fazem muito felizes, assim como feliz nos faz ter carradas de dinheiro, ter muito sucesso, ter muitos amigos, ou ter uma relação amorosa ao estilo das histórias das mil e uma noites e que se prolongue para toda a vida e para todo o sempre... Ora bem! E à medida que o Sol se encontra sobre um dos pontos definidos pela intersecção entre o plano eclítico, o plano equatorial terrestre e a esfera celeste, cá vamos nós andando, e, através destas tecnologias modernas e virtuais, faz de conta que vamos tomando conta disto tudo, faz de conta que comandamos tudo isto, assim como faz de conta que vivemos como seres humanos realmente humanos e civilizados. Neste mundo de faz de conta, faz de conta que está tudo bem, faz de conta que o Alentejo comanda o equinócio e faz de conta que somos todos muito felizes. e ai de quem diga o contrário! Por conseguinte, para sermos aceites nesta sociedade ultra moderna e evoluída convém que sejamos todos parecidos uns com os outros, não termos ideias próprias, nem tampouco termos a ousadia de afrontar as margens do terreno empalamado pelo senso comum, tal como sempre se fez ao longo da nossa história, diga-se em abono da verdade. De equinócio em equinócio o mundo parece-me igual ao que sempre foi, a sociedade está a mudar e assim vamos indo, de felicidade em felicidade, para que todas as pessoas e Deus vejam o quanto somos felizes! Até nos Grupos das redes sociais, alguns deles com nomes de aldeias, vilas, cidades, regiões ou de países, nos pedem que o nosso comportamento seja de acordo com a felicidade aparente de quase todos os membros, em prol da alegria e do contentamento geral de cada comunidade, como se de uma alegre competição se tratasse, em homenagem à felicidade de todos e à solidão de cada um dos intervenientes. Penso eu ainda que não seria mal pensado se os altos governantes deste país inventassem de uma vez por todas o Ministério da Felicidade, que tanta falta faz à alegria de todos e à solidão deste povo. Pensem nisso, meus amigos! Sem embarco, o mundo contemporâneo vende-nos o prazer de publicar, faz-nos fazer todo o tipo de figuras, e nós, completamente endrominados, macambúzios e outras coisas mais, passámos a fazer das redes sociais a quinta-essência do nosso real contentamento. Estamos lindos e numa outra dimensão do equinócio Sigmund Freud disse-nos que "a felicidade é vendida no sentido de cobrir uma falta, uma falta que é constante e que, portanto, nunca será alcançada na sua plenitude." Mas para contradizer essa teoria e por influência de outro equinócio qualquer, somos felizes o tempo todo. Assim vale a pena viver no maior espectáculo do mundo.