04h03 | 31.ago.024 - vou te contar um... Luze Azevedo
04h03 | 31.ago.024 - vou te contar um sonho que tive essa noite que acaba de se encerrar, não ria! mas, pode chorar…
essa mensagem é para você, Thaís, para você, Thiago, e para nossa eterna Magda, Marisa!
estava eu, só eu, na fila de um banco deserto, vazio como um eco perdido. tentava sacar um cheque de exatos US$15.000,00 ~quantia precisa, escrita como um destino~ que meu pai, José Honório de Azevedo, me havia passado, lá do além. mas o cheque estava rasgado, bem ao meio, como se tivesse sido dobrado e esquecido no bolso, desgastado pelo tempo.
sentindo minha angústia, o segurança se aproxima, um guardião silencioso, e me diz que preciso escanear o cheque para restaura-lo. o banco, era tingido de um laranja indefinível, parecia um sonho dentro de outro sonho, e eu, como uma Alice perdida, perseguia o coelho em sua lógica absurda.
as máquinas de saque eram gigantes, altas demais, e eu, pequeno, me sentia insignificante diante daquela imensidão de metal. o segurança, solidário, vendo que eu não conseguia executar a operação, coloca o cheque no compartimento certo, e a máquina, com sua luz azul e fria, lê os dados, autorizando o saque e preciso ir ao caixa.
mas, antes de eu tocar o dinheiro, olho para trás e vejo que o banco, antes vazio, está agora repleto de gente. uma fila longa se ergueu, como sombras emergindo do nada. no meio da multidão, avisto Thiago, com um ramalhete de flores nas mãos. sinalizo meu problema, e ele, rápido, chama a gerente ~você, Thaís~ que me autoriza a entrar na agência, deixando para trás aquela antessala que mais parecia um purgatório.
lá dentro, as máquinas são ainda maiores, monstros de metal, e eu, agarrado às botas do segurança, me sinto menor ainda. então, Marisa surge, com um crachá sobre a blusa decotada, onde se lê: "Posso Ajudar!" ela se junta a nós ~ eu e meu problema ~, e todos ficamos em torno da máquina laranja, como numa cerimônia. vejo, então, o cheque restaurado, intacto, como se nunca tivesse sido dobrado, e finalmente posso ir ao caixa, que está do outro lado da rua.
atravesso uma enorme porta corta fogo, acompanhado pelo segurança, que agora é de tamanho normal. mas, ao abrir a porta, com Marisa ao lado e Thaís nos acompanhando, percebo que deixamos o Thiago pra trás com o ramalhete e sou submetido a uma luz intensa que me cega e, de repente, desperto. DonaMãe, também conhecida como Zina, com seu jeito doce, me chama para levá-la ao banheiro.
e assim, o sonho se dissolve na manhã que nasce, deixando apenas um rastro de luz e sombras, e a sensação de que, às vezes, a realidade também é um pouco de sonho.