O MURO LÁ DE CASA [...] E assim,... Sérgio Júnior
O MURO LÁ DE CASA
[...] E assim, de repente, meu eu se encurva;
E reconhece que não é a mão, mas a luva.
Que protege, espreme o fruto da vide, e dá o bom vinho.
Que bebi e fiquei sóbrio, humilde, olhei para quem abriu o caminho.
Aquele que cantou, riu, chorou e me deu ninho.
Sempre pronto, com impulso simples, mas fez voar seus passarinhos.
E se há ainda um desejo escondido na alma.
É de voltar a rir assim, livre, leve, repousar nessa dádiva, a sua calma.
E essa inabalável timidez, quase insegurança;
Que sendo já adulta, sabe se fazer de criança
E o seu sorriso que denota satisfação enquanto conquista a cidade;
Foi o elã que embalou os meus sonhos, e não mudou com a idade.
Aqui, de longe e saudoso, mas muito maduro;
Vejo de onde veio a luz, que me guia no escuro;
Esse seu jeito de ser, meio doce, olhar puro.
Cercou nossa infância, nossa casa, seu abraço foi nosso muro.
E essa poesia é frágil, apenas uma epopeia, você é o poema.
Sua vida, seu modo peculiar de encarar um problema.
Aprender o seu verso e imitar a sua rima, é o meu eterno dilema.
Me orgulhar de ser seu filho, é o meu melhor esquema[...]
Sergio Junior, para seu pai
(Sergio Santos)